Um dia descobrimos que qualquer tempestade ruma inevitavelmente à acalmia.
Que se antes multiplicávamos vírgulas para explicar de forma convincente a nossa verdade, agora respiramos entre cada palavra, degustando o seu timbre peculiar.
Descobrimos prantos e euforias como degraus imprescindíveis, descobrimos Vida em cada hipérbole de dor passada.
Perífraseamos o caminho, escutando cada batimento interno. Procuramos sempre mais fundo, remendando feridas e perfumando cantos até então cheios de pó.
Descobrimos que o importa perturba, agita, baralha. E que a sua beleza está nessa existência pouco discreta e com muito sabor.
Descobrimos que a melhor dança é a que nos tira o fôlego e nos faz suar a alma, a que nos massacra o corpo, consumindo horas a fio de ensaio e sono.
Descobrimos um relógio que não cessa, num jogo que acaba a qualquer momento. Então, permitimo-nos brincar enquanto podemos e deixamos de nos preocupar.
Tudo pegadas à beira mar, em que vamos aprendendo que o medo das ondas não nos impede de nadar.
“Sentir é buscar”