segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Despe-te!



Não quero mais máscaras, nem capas. Promete-me.
Chega de sorrisos sem brilho nos olhos e lágrimas sem sal.
Conhecer-te assim, num nem conhecer, tão pouco profundo e tão superficial…
Não chega meu amor. Não chega.
Não te escondas mais nessa pose de homem perfeito, não te fica bem, nem há homens perfeitos.
Sei que és muito mais do que essa personagem que interpretas continuamente para mim, muito melhor do que essa imagem forte que tentas passar e insistes em manter.
Sai dessa concha, que ilusoriamente te dá um sentido de segurança, a ti e aos demais que se seduziram por essa fantasia de concha/protecção. Mas é fictício.
Porque eu, (todos nós), eu desejo apenas o verdadeiro, o genuíno, o real.
Não me interessa o que não é puro, mesmo que vindo de ti.
Quero o que vem de dentro, o que é sentido, o que expressa vontades.
Entre nós, Despe-te! Deixa só a índole do teu ser.
Quero descobrir a tua essência, a simples e espontânea essência que te define.
Posso?
Ainda assim, podemos jogar o nosso jogo (o jogo de todos os outros), aquele doce que finge não querer, mas quer. Tu sabes bem. Um jogo puro, que expressa desejos.
Só assim vale a pena. Só assim podemos ser verdade, Eu e Tu verdade, sentimento verdade. Verdade!
Aí poderei entregar-me como sou. Eu só.
Eu nua e crua, seguindo os mais vibrantes instintos.
Não tenhas medo de ser quem és. TU.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Minha Lisboa



Gosto desta Lisboa à noite.
Da luz da ponte e do Cristo rei,
de braços abertos à vida, bem alto.
Gosto de aquecer as mãos nesta chávena de chá,
de ver os desenhos de fumo a sair.
Gosto deste vento frio no cabelo e,
deste aquecedor nas costas que me acomoda.
Gosto do barulho alegre das conversas paralelas
E dos copos a brindar.
Gosto desta bossa-nova tocando bem forte,
que se funde no ar alternativo deste bairro alto.
Adoro esta esplanada com vista sobre o Tejo,
Espelho do movimento da cidade, tão calmo e adormecido.
Gosto dos telhados laranja desta Lisboa antiga
E das suas ruas estreitas e bairristas.
Gosto de ouvir os idiomas
E de me perder neste chiado,
Rendida à sua magia cosmopolita.
Gosto de escrever nestas folhas soltas,
com uma caneta emprestada.
Gosto deste sítio que tanto me inspira
E me faz sorrir por nada.
CASA!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Deixa




(Deixa que o poema dite)

Deixa, que a chuva lava a mente de quem deseja.
Deixa, que o vento leva o que é mau,
Enquanto beija a pele com força.
Deixa que a lágrima caia,
Sente o sal húmido e quente.
Deixa que o ciclo flua naturalmente.
Deixa ir, que se merecer volta.
Deixa passar, deixa mudar.
Deixa de ter medo, confia!
Deixa que o caminho apareça,
Quando tiver que ser.
Deixa a lua mudar de fase,
E o dia amanhecer.
Deixa, que árvores com raízes profundas
Não caiem com tempestades.
Deixa a garrafa voltar a terra,
Quando a corrente a trouxer.
Deixa que a vida se viva! Ela sabe.
Deixa, que pedras no caminho constroem castelos,
Como disse o poeta. Aprende.
Deixa de tentar controlar, sente só!
Deixa de querer deixar.

E eu respiro fundo, e deixo…