domingo, 13 de maio de 2007

Aqui onde o mar cheira a mar


Aqui o mar cheira a mar
De cinzento céu e espuma branca luar.
Aqui, onde manda a maresia,
Tudo clama e pede poesia.
Aqui a areia me fez sereia,
Desse mar agitado e superior
Que grita o seu medo e toda a sua dor.
Aqui com os lábios salgados,
Quase partilho suspiros apaixonados.
Aqui a solidão parece não me assustar,
A brisa sussurra que em breve irá mudar.
Aqui o nevoeiro quase me protege,
O escasso sol quase me aquece.
Aqui sei que não me posso entender,
Nem queria, se tivesse esse poder.
A mim, nem a ele, marinheiro,
Nem a ninguém no mundo inteiro.
Então aqui, quase conversamos com o olhar,
Só nos, sem que ninguém possa notar.
Aqui, quase segredamos desejos,
Talvez até troquemos beijos.
Ansiando esse toque desconhecido,
Que tenta passar escondido.
Pensando nesse amor há muito prometido,
Que poderia num só trago ser bebido,
E aqui, eternamente sentido.