segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

e é isto


segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Seduz-me

Seduz-me fluidamente,
Como as águas de um rio que correm para a foz.
Seduz-me com calma e
Seduz-me baixinho,
Quase sussurrado no pescoço.
Seduz-me com o olhar,
Profundo e penetrante,
Persuasivo e autêntico.
Seduz-me com pormenor.
Seduz-me o olfacto
Com o cheiro de flores acabadas de colher e,
Com cheiro a mar.
Seduz-me como o tango,
Intenso e apaixonante.
Seduz-me com chocolate,
Adoça-me os sentidos.
Seduz-me com calor,
Com arrepios e borboletas cá dentro.
Surpreende-me,
Seduz-me com charme e classe.
Seduz-me com gestos e movimentos.
Seduz-me o toque,
Ora forte, ora suave.
Seduz-me com paixão,
Com amor e com vontade.
Seduz-me, abraçando-me no teu peito,
Protegendo o meu corpo
Com o teu corpo do frio.
Prende, irreversivelmente, o meu desejo.
Seduz-me sem clichés.
Sê subtil, sê verdadeiro.
Seduz-me sempre com sinceridade.
Seduz-me a inteligência,
Com enigmas a resolver.
Deixa-me a pensar.
Seduz-me com gargalhadas,
Palhaçadas e sorrisos rasgados.
Seduz-me e não pares nunca de o fazer.
Seduz, seduz, seduz.

domingo, 14 de janeiro de 2007

memórias

Descobri que nada se perde totalmente, nada do que é importante desaparece por completo.
Tudo o que já vivi, todas as coisas que me magoaram e me fizerem crescer e ser melhor depois, todas as coisas que amei um dia e todas as coisas que me fizeram sorrir, tudo isso caminha comigo. Tudo isso viaja comigo para todos os lugares e está acorrentado a mim por uma força invencível.
Sinto-me um livro que se escreve a um ritmo alucinante, um livro que não se apaga e do qual não se arrancam páginas.
Sei que vou amar para sempre todas as coisas que amei um dia, todos os olhares e todos os cheiros, todas as paisagens e todas as conversas, os sabores , os abraços e os pequenos prazeres. Quem disse que não havia amores eternos?
Tudo o que mexeu comigo, cada pessoa, cada lugar, cada gesto. Todos caminham comigo e vão acompanhar-me sempre.
Acreditar nisso é como uma lufada de ar fresco, por mais contraditório que isso seja. Acalma-me extraordinariamente e enche-me de uma força enorme.
Porque sinto que por mais que tudo mude, por mais que a vida afaste tudo o resto, por mais tempo que passe e esteja eu onde estiver, independentemente de todas as circunstâncias, os meus amores, os amigos que já não visito, os dias de sol que ficaram no verão e os banhos de mar, as noites estreladas, todas as cores que se puderam ver no sol a poente, as conversas que duraram horas e que o tempo não viu passar, todas as pequenas coisas que um dia me fizeram feliz, irão sempre fazê-lo. Estão bem guardadas na minha memória e tomam de novo vida apenas com um fechar de olhos.
Assim nada se perde, nem nunca se perderá tudo o que for realmente significativo. Terei sempre comigo a lembrança de momentos que me farão sorrir e que me incentivarão a viver o presente com mais intensidade do que o passado, e a olhar para o futuro com vontade de mais, de muito mais.
É isto que nós somos, um misto de experiências e recordações, e quando tudo nos faltar é isto que nós temos. Memórias que nos abraçam com força quando choramos, memórias que nos dão a mão quando temos medo, memórias que nos dão mimos antes de dormir, memórias que querem mais memórias.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

escrever é amar de novo

O relógio marca as quatro horas da manhã, está um apaixonante vento quente, choveu há pouco e a temperatura subiu. Lá fora cheira a terra molhada, cheiro esse que se vai misturando com o das velas a queimar em cima da mesa. O jardim está lindo, cheio de tonalidades de verde em todos os arbustos, árvores e folhas. Transborda vida este jardim.
O silêncio reina, a maior parte das janelas mostram persianas fechadas e nas poucas que permanecem abertas não se encontra uma única pista de luz. A cidade dorme, assim como os pássaros e os sapos deste jardim.
Desde que criei este blog a minha vontade de escrever aumentou. Está a tornar-se um vício, sinto-me mais atenta a tudo o que vivo e vejo. Apetece-me escrever sobre tudo e a toda a hora. Quando não escrevo, e não estou distraída com algo, é inevitável que a minha cabeça se inunde de frases e palavras.
Li num cartaz de rua, um destes dias, que pintar é amar de novo. Escrever também o é. Não conseguiria encontrar melhor maneira de descrever a escrita. Para mim escrever é amar de novo, sem a menor das dúvidas.
Vemos algo que nos toca, ouvimos algo que nos encanta, sentimos algo que mexe connosco, e amamo-lo de novo. Amamo-lo de novo quando tentamos passá-lo para o papel.
Amamos de novo cheiros e cores, melodias e movimentos, as emoções, pessoas e pensamentos.
Amamos a vida de novo, como ela é e como queríamos que fosse.
Vou escrevendo, sem esperar a minha mente antecipa-se. Vou-me lembrando de pequenas coisas que mereciam ser postas nestas linhas, que mereciam uma imagem a grafite.
Os meus raciocínios disputam valor, numa confusão catastrófica de vontades e ideias que me invadem, preenchendo todo o meu ser.
Preciso de descansar, vou deitar-me. Tenho a certeza que ainda vou ficar ás voltas com letras e com palavras, com a forma como se encaixam para transmitir o que quero dizer. Vou adormecer a pensar em possíveis textos e frases, em diversos assuntos e múltiplas inspirações. Vou ouvir rimas ecoando baixinho e imaginar poemas.
Por agora, o caderno e o lápis podem descansar, amanhã "amamos de novo".