Descobri que nada se perde totalmente, nada do que é importante desaparece por completo.
Tudo o que já vivi, todas as coisas que me magoaram e me fizerem crescer e ser melhor depois, todas as coisas que amei um dia e todas as coisas que me fizeram sorrir, tudo isso caminha comigo. Tudo isso viaja comigo para todos os lugares e está acorrentado a mim por uma força invencível.
Sinto-me um livro que se escreve a um ritmo alucinante, um livro que não se apaga e do qual não se arrancam páginas.
Sei que vou amar para sempre todas as coisas que amei um dia, todos os olhares e todos os cheiros, todas as paisagens e todas as conversas, os sabores , os abraços e os pequenos prazeres. Quem disse que não havia amores eternos?
Tudo o que mexeu comigo, cada pessoa, cada lugar, cada gesto. Todos caminham comigo e vão acompanhar-me sempre.
Acreditar nisso é como uma lufada de ar fresco, por mais contraditório que isso seja. Acalma-me extraordinariamente e enche-me de uma força enorme.
Porque sinto que por mais que tudo mude, por mais que a vida afaste tudo o resto, por mais tempo que passe e esteja eu onde estiver, independentemente de todas as circunstâncias, os meus amores, os amigos que já não visito, os dias de sol que ficaram no verão e os banhos de mar, as noites estreladas, todas as cores que se puderam ver no sol a poente, as conversas que duraram horas e que o tempo não viu passar, todas as pequenas coisas que um dia me fizeram feliz, irão sempre fazê-lo. Estão bem guardadas na minha memória e tomam de novo vida apenas com um fechar de olhos.
Assim nada se perde, nem nunca se perderá tudo o que for realmente significativo. Terei sempre comigo a lembrança de momentos que me farão sorrir e que me incentivarão a viver o presente com mais intensidade do que o passado, e a olhar para o futuro com vontade de mais, de muito mais.
É isto que nós somos, um misto de experiências e recordações, e quando tudo nos faltar é isto que nós temos. Memórias que nos abraçam com força quando choramos, memórias que nos dão a mão quando temos medo, memórias que nos dão mimos antes de dormir, memórias que querem mais memórias.