sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

escrever é amar de novo

O relógio marca as quatro horas da manhã, está um apaixonante vento quente, choveu há pouco e a temperatura subiu. Lá fora cheira a terra molhada, cheiro esse que se vai misturando com o das velas a queimar em cima da mesa. O jardim está lindo, cheio de tonalidades de verde em todos os arbustos, árvores e folhas. Transborda vida este jardim.
O silêncio reina, a maior parte das janelas mostram persianas fechadas e nas poucas que permanecem abertas não se encontra uma única pista de luz. A cidade dorme, assim como os pássaros e os sapos deste jardim.
Desde que criei este blog a minha vontade de escrever aumentou. Está a tornar-se um vício, sinto-me mais atenta a tudo o que vivo e vejo. Apetece-me escrever sobre tudo e a toda a hora. Quando não escrevo, e não estou distraída com algo, é inevitável que a minha cabeça se inunde de frases e palavras.
Li num cartaz de rua, um destes dias, que pintar é amar de novo. Escrever também o é. Não conseguiria encontrar melhor maneira de descrever a escrita. Para mim escrever é amar de novo, sem a menor das dúvidas.
Vemos algo que nos toca, ouvimos algo que nos encanta, sentimos algo que mexe connosco, e amamo-lo de novo. Amamo-lo de novo quando tentamos passá-lo para o papel.
Amamos de novo cheiros e cores, melodias e movimentos, as emoções, pessoas e pensamentos.
Amamos a vida de novo, como ela é e como queríamos que fosse.
Vou escrevendo, sem esperar a minha mente antecipa-se. Vou-me lembrando de pequenas coisas que mereciam ser postas nestas linhas, que mereciam uma imagem a grafite.
Os meus raciocínios disputam valor, numa confusão catastrófica de vontades e ideias que me invadem, preenchendo todo o meu ser.
Preciso de descansar, vou deitar-me. Tenho a certeza que ainda vou ficar ás voltas com letras e com palavras, com a forma como se encaixam para transmitir o que quero dizer. Vou adormecer a pensar em possíveis textos e frases, em diversos assuntos e múltiplas inspirações. Vou ouvir rimas ecoando baixinho e imaginar poemas.
Por agora, o caderno e o lápis podem descansar, amanhã "amamos de novo".