quinta-feira, 22 de março de 2007

(meu) Lugar comum



Meu lugar comum, mais nosso que meu. Não, meu.
Onde te encontro, onde nos encontro, me encontro contigo. Nós.
Fundem-se. Fundimo-nos em espaços, cheiros e sabores. Como incenso que se queima doce na janela, calmo.
Viajo tão longe neste lugar, vôo tão alto… Parecem-me factos e não devaneios.
Descubro-me assim, nestas minhas ilusões de um branco cetim.
Este meu lugar seguro, feito abrigo, seguro!
Venho cá quando me perco, chego cá quando nem eu me encontro. Quando não sei onde ir, ou não tenho outro escape. Venho cá como fuga, quando o que vejo é insuficiente. Venho cá como abraço.
Aqui tudo é simples, aqui não restam dúvidas, nem receios. Aqui só sinto outra vez.
Só te sonho e me rendo à nostalgia.
Tenho vindo tão pouco ultimamente, hoje vim para relembrar que tenho um passado bem passado. Vim recordar-me de sentir, sentimentos inexistentes que me matam quando quero. Vim recordar as saudades, tinha já saudades de ter saudades. Vim relembrar que sei gostar e que me faz bem gostar.
Contigo que és um e outro, aqui e lá. Todos e tudo.
Tu que me bastas em pequenos instantes, que és refugio.
Minha insensatez de mel, melancolia vibrante, volta só por momentos e ama-me de novo, só mais uma vez. Porque hoje o sol brilha e eu tenho vontade de amar.

quinta-feira, 1 de março de 2007

choro


Eu choro, ás vezes eu choro.
Choro, sem me impedir de chorar.
Choro tudo, choro, choro.
Choro nada.
Num desespero mudo, que guardo só para mim.
Sabor? As gotas caiem quentes,
Molham os meus lábios de sal.
Dor em estado líquido, sai.
Lava todo o meu ser, purifica-me a alma.
Os lábios molhados e,
Choro tudo e choro, choro.
O profano, o sujo e o injusto.
Já nem me lembro do motivo,
Choro só por chorar.
Até ficar sem lágrimas, até toda a tristeza ir embora.
Parada, alienada de tudo que me faz bem, eu sei!
Esqueço-me do mundo e de mim.
Poderia controlar este choro desmedido, mas não quero.
Liberta-me agora!
Choro de novo, mais, choro com vontade.
Ironicamente começo a sentir-me melhor.
Vou soluçando baixinho, pouco, cada vez menos.
Sinto a vida correr, ouço o meu respirar…
O sangue que fervilha correndo nas minhas veias.
Lembro-me que sou capaz.
Respiro bem fundo, respiro bem fundo mais uma vez,
E esboço um sorriso…
Havia esquecido que o mundo é meu!