Corpo que se funde na tela,
e tom esbatido de tanta cor misturar.
Pequena porção de um quadro gasto,
Vivo de sempre mudar.
Madeira velha de sótão e diluente em odor.
Não pinto, não sou pintada,
Sou pintura sem pintor.
Branco alpendre salgado
e cadeira de baloiçar.
Entardecer e corpo queimado,
Sou peregrina à procura de um lugar.
Banho frio de nascente,
Corpo de água dormente, transparente.
Desligo, quero ir com a corrente,
Meu exausto Sentir consciente.
Livro por escrever e
Folhas esmagadas no chão.
Na mesa, intacto,
meu corpo afiado de carvão.
Palavra não lida, história que passa despercebida,
Sou poeta que foi esquecida.
Noite de insónia, dia de sonhar.
No silêncio o saxofone,
Sou bailarina sem par.
Corpo que se perde na cama
De seda, suave, grande e vazia.
Sou abraço que não ama e se esconde em poesia.
domingo, 23 de março de 2008
Fazemos o mesmo erro repetidamente. Temos uma necessidade absurda de perceber sentimentos, de desmitificar algo que surge sem convite e se apodera daquilo que somos sem permissão, digo "algo que surge sem convite" porque se surge mediante convite já entra noutro saco e "sem permissão" porque não se controla, apesar de queremos acreditar que sim.
Estou a falar de sentimentos reais. Ou se gosta ou é para o que é... quanto a isso acho que não há dúvidas, e estou a escrever de quando se gosta.
Enfim, precisamos da dita sensação de controlo, de segurança, pelo menos da ilusão de estarmos em água pouco profunda. Temos medo de perder o pé, de mergulhar de cabeça, de ir com a corrente. Defesas, uns tem-nas mais que outros, mas no fundo só não nos queremos magoar.
Então racionalizamos, ou tentamos, estupidamente. Tentamos decifrar o que sentimos, o que nos faz sentir, chegar ao cerne da questão, á suposta essência. Porque isso nos dá um ilusório poder de domínio. Mas será que algúem consegue fazê-lo? Vá lá, são sentimentos não matemática. Não há cálculos nestas coisas, ou se sente ou não. Como explicar isso? Porque tentar somar e dividir parcelas? Quando no fundo as coisas são puras. Ou são ou não. Não há como achar resultados de coisas que simplesmente não se fragmentam, não se podem fragmentar. Complicamos! E estragamos.
Sentir é sempre diferente, é sempre único em cada situação, em cada momento particular, com cada pessoa em concreto. Entendermos assim o que nós sentimos já é tão complicado. Quanto mais o que outros sentem. É tanta presunção achar que o podemos fazer. E achamos. Mas fazemos sempre uma leitura á nossa imagem, vemos o mundo com o filtro dos nossos olhos, logo qualquer avaliação é subjectiva, ainda mais neste campo que é tão complexo.
Ainda assim temos a necessidade idiota de encontrar explicações, de comparar situações, de medir consequências de acção, de achar que temos domínio sobre o que sentimos e que o podemos controlar.
Escrevo sobre isto porque olho á volta e vejo pessoas infelizes, ou menos felizes do que poderiam ser. Vejo pessoas que não acreditam no amor, que acham de facto que tudo não passa de um jogo de interesses e conveniências mutuas. E que vivem assim, de falsas verdades, de sentir mais-ou-menos, de coisas mornas, mas supostamente mais seguras!! Mas não, deixem-me manter este olhar limpo sobre as coisas, de menina de 18 anos que ainda tem muito para viver. Quero acreditar que não é mera utopia, não pode ser.
O problema são as barreiras que nós criamos, barreiras essas que não podem ser julgadas, são tão humanas e naturais como os próprios sentimentos. Repito, ninguém quer sofrer, ninguém quer desilusões. Mas a chave para isso não é deixarmos de sentir as coisas a 100%, deixarmos de acreditar, tentarmos por limites ao que sentimos. Por mais que nos pareça que sim, não se foge ao que se sente, não se apaga, quanto muito deixa-se diluir. E voltamos às pessoas que fingem que são felizes e no fundo não se podem sentir verdadeiramente preenchidas. Acomodam-se á solução mais ponderada, á que implica menos riscos e que acaba por ser mais fácil.
Só podemos estar bem, bem mesmo bem, se estivermos nas coisas inteiros, se entrarmos nelas com tudo o que somos e com tudo o que temos para dar. Passando por cima de medos e receios, esquecendo as tentativas que falharam no passado.
Temos de deixar os sentimentos florescer e fluir naturalmente, como tem de ser, como só pode ser. Sem os tentarmos compreender, sem os tentarmos catalogar e especificar. Não podemos pensar tanto, porque se o fizermos acabamos por deitar por terra a chance de nos sentirmos verdadeiramente realizados.
Mas era preciso uma desaprendizagem colectiva do Sentir, visto que ao racionalizar sempre tudo, acabamos por mecanizar automaticamente protecções e mecanismos de fuga.
Porque sabemos que ao agir com tudo e sem barreiras, em real sintonia com o que intuitivamente desejamos e esperamos de uma relação, se esta não resultar a queda é de mais alto, a ferida é mais profunda e a dor muito maior. Pois teremos projectado nela as nossas mais altas expectativas, teremos deixado de lado as capas e exposto o que somos, tornando-nos ao olhos dos outros mais frágeis.
Em compensação quando as coisas resultam, enquanto resultam, são paz, são harmonia e prazer ao seu expoente máximo. Superam qualquer dúvida e qualquer certeza. Fazem sentido, aquele sentido tão irreal que nem dá para explicar de tão puro e tão simples, tão como tem de ser.
Não é (parece) claro??
Quero ser assim...
Estou a falar de sentimentos reais. Ou se gosta ou é para o que é... quanto a isso acho que não há dúvidas, e estou a escrever de quando se gosta.
Enfim, precisamos da dita sensação de controlo, de segurança, pelo menos da ilusão de estarmos em água pouco profunda. Temos medo de perder o pé, de mergulhar de cabeça, de ir com a corrente. Defesas, uns tem-nas mais que outros, mas no fundo só não nos queremos magoar.
Então racionalizamos, ou tentamos, estupidamente. Tentamos decifrar o que sentimos, o que nos faz sentir, chegar ao cerne da questão, á suposta essência. Porque isso nos dá um ilusório poder de domínio. Mas será que algúem consegue fazê-lo? Vá lá, são sentimentos não matemática. Não há cálculos nestas coisas, ou se sente ou não. Como explicar isso? Porque tentar somar e dividir parcelas? Quando no fundo as coisas são puras. Ou são ou não. Não há como achar resultados de coisas que simplesmente não se fragmentam, não se podem fragmentar. Complicamos! E estragamos.
Sentir é sempre diferente, é sempre único em cada situação, em cada momento particular, com cada pessoa em concreto. Entendermos assim o que nós sentimos já é tão complicado. Quanto mais o que outros sentem. É tanta presunção achar que o podemos fazer. E achamos. Mas fazemos sempre uma leitura á nossa imagem, vemos o mundo com o filtro dos nossos olhos, logo qualquer avaliação é subjectiva, ainda mais neste campo que é tão complexo.
Ainda assim temos a necessidade idiota de encontrar explicações, de comparar situações, de medir consequências de acção, de achar que temos domínio sobre o que sentimos e que o podemos controlar.
Escrevo sobre isto porque olho á volta e vejo pessoas infelizes, ou menos felizes do que poderiam ser. Vejo pessoas que não acreditam no amor, que acham de facto que tudo não passa de um jogo de interesses e conveniências mutuas. E que vivem assim, de falsas verdades, de sentir mais-ou-menos, de coisas mornas, mas supostamente mais seguras!! Mas não, deixem-me manter este olhar limpo sobre as coisas, de menina de 18 anos que ainda tem muito para viver. Quero acreditar que não é mera utopia, não pode ser.
O problema são as barreiras que nós criamos, barreiras essas que não podem ser julgadas, são tão humanas e naturais como os próprios sentimentos. Repito, ninguém quer sofrer, ninguém quer desilusões. Mas a chave para isso não é deixarmos de sentir as coisas a 100%, deixarmos de acreditar, tentarmos por limites ao que sentimos. Por mais que nos pareça que sim, não se foge ao que se sente, não se apaga, quanto muito deixa-se diluir. E voltamos às pessoas que fingem que são felizes e no fundo não se podem sentir verdadeiramente preenchidas. Acomodam-se á solução mais ponderada, á que implica menos riscos e que acaba por ser mais fácil.
Só podemos estar bem, bem mesmo bem, se estivermos nas coisas inteiros, se entrarmos nelas com tudo o que somos e com tudo o que temos para dar. Passando por cima de medos e receios, esquecendo as tentativas que falharam no passado.
Temos de deixar os sentimentos florescer e fluir naturalmente, como tem de ser, como só pode ser. Sem os tentarmos compreender, sem os tentarmos catalogar e especificar. Não podemos pensar tanto, porque se o fizermos acabamos por deitar por terra a chance de nos sentirmos verdadeiramente realizados.
Mas era preciso uma desaprendizagem colectiva do Sentir, visto que ao racionalizar sempre tudo, acabamos por mecanizar automaticamente protecções e mecanismos de fuga.
Porque sabemos que ao agir com tudo e sem barreiras, em real sintonia com o que intuitivamente desejamos e esperamos de uma relação, se esta não resultar a queda é de mais alto, a ferida é mais profunda e a dor muito maior. Pois teremos projectado nela as nossas mais altas expectativas, teremos deixado de lado as capas e exposto o que somos, tornando-nos ao olhos dos outros mais frágeis.
Em compensação quando as coisas resultam, enquanto resultam, são paz, são harmonia e prazer ao seu expoente máximo. Superam qualquer dúvida e qualquer certeza. Fazem sentido, aquele sentido tão irreal que nem dá para explicar de tão puro e tão simples, tão como tem de ser.
Não é (parece) claro??
Quero ser assim...
quinta-feira, 13 de março de 2008
Shine your light for the world to see
Comove-te com umas quantas frases absurdas e escreve textos de madrugada, quando devias dormir para acordar às sete da manhã. Escreve automaticamente e esquece-te dos parágrafos. Diz quando gostas, grita que gostas, vezes sem conta, amar nunca é demais. Surpreende-te com coisas banais, e com coisas especiais, só não percas a capacidade de te surpreender. Anda a pé sem destino, e vai a pé para o teu destino. É longe, e daí? Perde-te no chiado que já conheces tão bem cinco vezes na mesma tarde. Toma um café sozinha enquanto vês o rio e conversa contigo, com todos os Eus que és. Não te acomodes à solidão, nem nunca te habitues ao frio. Ouve decor o mesmo solo de piano de um autor desconhecido, lindo de morrer. Corre atrás das gaivotas na praia e molha sempre os pés. Come chocolate derretido com a colher de pau, devora chantily com morangos e pede batatas fritas a seguir se é isso que te apetece. Usa meias diferentes e óculos de sol tão ridículos como coloridos. Canta no metro, na rua, no chuveiro e na Fnac. Toma banhos quentes demorados, gasta toda a água da caldeira e não poupes os sais de banho, nem o creme hidratante. Acende sempre velas e dá muitos abraços. Dá música ao vizinho de cima, de baixo e ao da frente também. Põe mais um cobertor na cama e dorme com a janela aberta para sentir o vento, aliás, põe mais dois cobertores na cama e dorme nua de janela aberta para sentir o vento. Conversa com a velhinha do autocarro, com o motorista do táxi, com o empregado do bar. Troca palavras, partilha quem és. Aprende sempre qualquer coisa. Sorri muito, sorri sempre para quem te sorrir e para quem não te sorrir também. Sê, basicamente, como o sandâlo que perfuma o machado que o corta. Troca olhares nas filas de trânsito, brinca. Pisca o olho. Luta por aquilo que queres. Dança em todo lado, sem inibições e constrangimentos. Vê o por do sol todos os dias e tenta vê-lo quando nasce pelo menos uma vez por mês. Sê criança, joga, pula, salta, cai, esfola os joelhos e faz birra quando não quiseres comer a sopa. Enche-te de cortes que se curam com desenhos a betadine e saram em pele mais forte. Acredita que podes voar como o Peter Pan e nunca deixes de ver a sininho, afinal não somos pó, somos magia. Pega no carro e vai dormir ao Alentejo, pega no carro e estaciona mais à frente, apanha um comboio. Usa vestidos curtos, bem curtos, e compridos. Não uses soutien. Não passes os lenços a ferro. Gasta muito dinheiro num bom jantar, delicia-te no banco de pau de uma tasca. Deixa o telemóvel em casa. Escreve cartas de amor, sê romântica e tonta até ao fim. Quando tiveres na dúvida arrisca. Porque não? A pergunta que podes e deves repetir. Usa vezes sem conta o serviço de pratos guardado para as ocasiões especiais, e toca xilofone nos copos de cristal. Demora as despedidas. Beija bocas, pescoços, costas e mãos. Agarra a chuva e as estrelas também. Não seques o cabelo. Fica com o sal na pele e com cheiro de bronzeador. Abandona-te sempre às coisas simples e brinda com chá a vida que é boa de mais. Relativiza e/ou dramatiza, faz o que tiveres de fazer. Só não fiques parada a ver a vida passar. Nem finjas apatia.
Ama muito, dá tudo sem receio, desilude-te, chora e perdoa, para teres mais para dar da próxima vez. Não tens nada a perder!
Deixa o sol entrar e brilha, brilha contigo, com os outros e com o mundo.
Sê feliz hoje e agora, sempre. E faz do meu Sentir a tua filosofia.
"Faz tudo isto ou não faças nada, mas vive e escolhe sempre o caminho com mais flores."
..e esta divagação, carregada de entre-linhas, é para vocês que vêm com todas as cores do arco-íris e que deixam a caixa de cereais em cima da televisão pelo prazer de a ver fora do lugar, para esses e para os outros todos também.
Ama muito, dá tudo sem receio, desilude-te, chora e perdoa, para teres mais para dar da próxima vez. Não tens nada a perder!
Deixa o sol entrar e brilha, brilha contigo, com os outros e com o mundo.
Sê feliz hoje e agora, sempre. E faz do meu Sentir a tua filosofia.
"Faz tudo isto ou não faças nada, mas vive e escolhe sempre o caminho com mais flores."
..e esta divagação, carregada de entre-linhas, é para vocês que vêm com todas as cores do arco-íris e que deixam a caixa de cereais em cima da televisão pelo prazer de a ver fora do lugar, para esses e para os outros todos também.
domingo, 2 de março de 2008
verdade em "ina"
Foi como cocaína, prazer que logo termina. A vontade ainda domina mas só a lembrança me anima. Foste confeti e serpentina no meu mundo de menina. És ave de rapina, não guilhotina. Saudade é hoje rotina, na vida de bailarina. Beleza triste, feminina, nada encaixa, desatina. Não pode ser sina, perder-te na neblina. Vem, rasga esta cortina. Sê o sol que me ilumina, minha cura, medicina. Tanta distância alucina. O meu sentir só ensina: és muito mais que feniletinamina..
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