segunda-feira, 31 de março de 2008

Corpo que se funde na tela,
e tom esbatido de tanta cor misturar.
Pequena porção de um quadro gasto,
Vivo de sempre mudar.
Madeira velha de sótão e diluente em odor.
Não pinto, não sou pintada,
Sou pintura sem pintor.
Branco alpendre salgado
e cadeira de baloiçar.
Entardecer e corpo queimado,
Sou peregrina à procura de um lugar.
Banho frio de nascente,
Corpo de água dormente, transparente.
Desligo, quero ir com a corrente,
Meu exausto Sentir consciente.
Livro por escrever e
Folhas esmagadas no chão.
Na mesa, intacto,
meu corpo afiado de carvão.
Palavra não lida, história que passa despercebida,
Sou poeta que foi esquecida.
Noite de insónia, dia de sonhar.
No silêncio o saxofone,
Sou bailarina sem par.
Corpo que se perde na cama
De seda, suave, grande e vazia.
Sou abraço que não ama e se esconde em poesia.