sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Manha invernal.

Sinto o sol quente através da janela, através da janela sinto todo este calor que me acalma e me conforta, nesta manhã de Inverno fria.
Estou completamente envolvida pela minha música, zero7 a tocar, é como se alguém me embalasse, como se alguém me fizesse festas e sussurrasse palavras doces antes de adormecer.
Tudo o resto parece parar, toda a agitação, as pessoas, vozes, barulho, movimento, carros, fumo, mais movimento. Tudo isso parece parar e ficar para lá do meu mundo, noutra realidade. Eu só sinto o sol através da janela e ouço a minha música. Eu sou só eu, aqui no meu canto com as minhas sensações e o meu caderno de escrever.
O que será que sentem? O que será que pensam? Para onde vão e de onde vieram? Cada um de nós com a nossa vida, a nossa direcção, os nossos motivos e o nosso mundo. Todos estão lá longe a vaguear nalgum recanto da sua mente.
Somos um bicho estranho. Só quero chegar a casa e vestir uma daquelas camisolas gigantes e estupidamente confortáveis. Quero chocolate.
O autocarro vai tremendo e percorrendo o seu caminho à medida que escrevo: trava, arranca, acelera, pára, treme. Já só sinto o sol nas mãos, espera, agora já não sinto o sol.
Saio nesta paragem e começo a caminhar para casa. Enamorada com a minha música e com este sol, que agora me aquece as costas. Sinto-me a deslizar, deslizo por cima deste tapete de folhas amarelas e castanhas, deslizo por entre as pessoas que correm ao meu lado, deslizo entre estas árvores quase despidas que ainda assim pintam o chão de sombras. Os carros passam silenciosos assim como as pessoas que correm e as obras do prédio da esquina.
Está tudo tão calmo nesta manhã como tantas outras, neste percurso tantas vezes repetido. Hoje está especial, está melancolicamente belo.
Não ouço o meu caminhar, nem os meus movimentos, tão pouco a minha respiração. Sou só desta música e deste sol de Inverno.