segunda-feira, 16 de junho de 2008

despertar

Crias e recrias, fazes produções fictícias que mudam a cor do céu.
E vês um arco-íris, só teu.
Alucinação pessoal que te move e te alimenta.
Crias e recrias, escreves finais possíveis ou felizes para a tua história.
E ao longe um cavalo preto e um sorriso aberto, só teu.
Alienas-te do real sem sabor, caramelizando pequenos detalhes que te marcam.
Crias e recrias, imaginas a tua estrada repleta de sol e encontras um lugar à sombra.
E tens um braço pelas costas, só teu.
Delírio pessoal que te aconchega.
Crias e recrias, escolhes o comboio sem te preocupar com a linha.
Não saltas fora. Insistes em chegar ao destino, só teu.
Não por curiosidade, tão pouco por teimosia...
Crias e recrias, escolhes o que queres ver e logo a seguir vendas os olhos.
Constróis castelos no ar, decoras castelos no ar, plantas flores no jardim do teu castelo no ar, só teu.
Tens, pelo menos, coragem de te permitir amar.
Crias e recrias, queres sapos com graça. Não gostas de príncipes, nem de lugares comuns.
Ainda assim, queres um happy ending, só teu.
Não te cansas de correr atrás do fugaz e insistes apanhar o improvável.
Vais criando e recriando, vais andando..

É acreditar no que existe para lá do óbvio que te guia? É a possibilidade eloquente e romântica de encontrar a peça que te falta? A que encaixa, única e insubstituível?
A boa noticia é que não há quebra-cabeças nem puzzles por resolver.

Há sentir, há amar, há querer. Simples.

O despertar inevitável.